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O concurso público promovido pela prefeitura Municipal pretendia definir um plano de ocupação para uma vasta área central, nas várzeas do Rio Tietê.

São Paulo terá que enfrentar consistentemente o problema da gestão dos seus recursos naturais de modo sustentável e racional. Nesse contexto, uma ação eficaz de reconfiguração urbana de uma área extensa como a proposta no concurso de ideias para um novo bairro na Água Branca, só poderá ser desencadeada através de um planejamento infra estrutural da região. Intervir nessa escala, portanto, significa definir essencialmente o desenho dessa infraestrutura urbana. Isto é, dar formas legíveis a uma ação estratégica do poder público.

Nessa reflexão por um outro modelo urbanístico, a associação entre as questões viárias e hídricas, em São Paulo, constituem-se mais uma vez em tema de projeto, desde que pautados por uma postura crítica consequente. A proposta de novas estações de trem nas linhas preexistentes desempenha esse papel estratégico enquanto locais de mediação de escalas, vínculos entre o sistema de mobilidade metropolitano e as localidades. Um sistema que contempla o transporte público de massa e não poluente.

Organizam-se em nosso projeto como pólos que recebem equipamentos públicos, serviços especiais e unidades de habitação de interesse social. Outra questão refere-se à definição dos espaços públicos. Os lugares historicamente consagrados pelo uso público mais intenso são aqueles situados em áreas de ampla acessibilidade e circulação, e por isso atravessados por usos dinâmicos. Lugares que recuperam a rua como lugar de animação e sociabilidade cotidiana.

Dessa convicção surgem os espaços de recreação e encontro nesse projeto que buscam a proximidade com os sistemas de circulação e com a água. Um modo de reinventar usos mais generosos da cidade, remetendo-se a um espaço de lazer mais do que consagrado no imaginário brasileiro: a praia urbana.

A praça de água resultante caracteriza tanto o sistema de espaços públicos do bairro, quanto o sistema técnico de drenagem, tratamento e reuso dos recursos hídricos. Fruto do afloramento do lençol freático não comprometido ambientalmente, define uma marcação identitária na paisagem do bairro, referenciando-o espacialmente como uma escritura de água no território da várzea.

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ficha técnica

Data do projeto: 2004
Concurso Público
Projeto de arquitetura: Martin Corullon, Fernando de Mello Franco, Marta Moreira, Milton Braga, Camila Toledo Fabrini, Guilherme Wisnik e Roberto
Klein; Anja Kolher, Anna Ferrari, Márcia Terazaki, Flávio Rezende, Marina Acayaba, Marina Sabino, Sarah Feldman, Thiago Rolemberg [colaboradores]
Consultora urbanística: Sarah Feldman
Consultora de tráfego e transportes: Silvana Rubino
Consultor ambiental: José Eduardo Cavalcante
Orçamento: Rosangela Castanheira
Modelo eletrônico: Roberto Klein
Área de urbanização: 100 hectares