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Constituído por um Museu e um Teatro equipados para receber eventos artísticos de grande porte, o conjunto arquitetônico projetado para o Cais das Artes, em Vitória, tem como característica central a valorização do entorno paisagístico e histórico da cidade. Localizado na Enseada do Suá, numa extensa esplanada aterrada em frente ao canal que conforma a ilha de Vitória, o projeto faz um elogio desse território construído pelo monumental confronto entre natureza e construção, numa cidade cotidianamente animada pela presença do porto, no constante e enérgico trabalho das docas.

 

 

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Tal elogio, nesse caso, significa a decisão de configurar a esplanada em questão como uma praça aberta ao usufruto da cidade: um passeio público junto ao mar. E ainda, de forma complementar, implica a decisão de suspender os edifícios do solo de modo a permitir visuais livres e desimpedidas desde a praça para a paisagem circundante. Isto é, tanto para o dinâmico espetáculo dos trabalhos no mar, ligados ao porto, quanto para o patrimônio natural e arquitetônico da cidade, no qual se destacam as montanhas de Vila Velha e o Convento da Penha, localizado do outro lado do canal, em frente ao conjunto projetado.

Trata-se, portanto, de uma ação arquitetônica orientada urbanisticamente no sentido de adequar história e geografia a uma desejada visão do presente, indicando, ao mesmo tempo, uma concepção museológica que procure associar arte e ciência numa perspectiva integrada.

 

 

 

  1. O monumental confronto entre natureza e construção, neste lugar, sugere os edifícios suspensos no ar e as visuais livres e desimpedidas, para a paisagem e o espetáculo dos trabalhos no mar.
  2.  No Teatro, o solo impróprio para construções abaixo do nível do mar exige que se eleve os níveis do palco e plateia, para adotar os embasamentos e maquinários de apoio do palco.
  3. O Museu terá amplas aberturas para a praça sem incidência direta do sol.Uma luminosidade refletida do solo e uma visão dos eventos externos, no chão da praça.
  4.  A orientação excepcional permite que a circulação entre as áreas expositivas do Museu se faça pelo lado externo sul do edifício através de rampas cristalinas com visão para o mar, os navios e as montanhas de Vila Velha. A grande esplanada, entre a avenida e a muralha do cais, estará livre e destinada ao uso público, espetáculos, cafés, livrarias… exposições ao ar livre.

Texto de Paulo Mendes da Rocha, nos croquis do projeto.

 

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Dotada de equipamentos como cafés, livrarias e espaços para espetáculos cênicos e exposições ao ar livre, a nova praça será um lugar de atração na vida cultural da cidade. Lugar que, por suas características espaciais intrínsecas, permitirá ao público descortinar sua paisagem monumental de forma privilegiada. Efeito que será amplificado, ainda, no percurso de visitação do Museu, cuja circulação vertical em rampas e patamares cristalinos criará varandas para a contemplação do entorno natural e construído em cotas inesperadas. Por outro lado, o conjunto constituirá — ele também —, uma nova referência visual na paisagem da Baía de Vitória, que poderá ser admirada desde inúmeros pontos de vista ou mirantes mais antigos, como o próprio Convento no alto do Morro da Penha, em Vila Velha.

 

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Com um Museu climatizado e contendo uma área expositiva de 3.000 metros quadrados, mais um Teatro com capacidade para 1300 espectadores, preparado para abrigar usos múltiplos, o conjunto do Cais das Artes procura equipar a cidade de Vitória para receber espetáculos artísticos importantes, qualificando-a como uma sede cultural com presença nacional. Isto é, intenta inserir a cidade na rota de eventos itinerantes (shows musicais, espetáculos teatrais, de dança e exposições de arte) que circulam pelas grandes capitais brasileiras, sediar grandes Eventos, Festivais, ou Companhias Estáveis de Música ou Dança.

 

 

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Espacialmente, o conjunto arquitetônico em questão integra uma área de expansão urbana que tem recebido investimentos significativos, tanto públicos quanto privados, passando a abrigar equipamentos novos de grande porte, tais como edifícios administrativos, tribunais, shopping centers e condomínios residenciais. Trata-se, como está claro, de uma área estratégica para o desenvolvimento econômico e cultural da cidade.

 

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O Edifício do Museu é configurado por duas grandes vigas em concreto armado protendido paralelas elevadas do solo 3m, com apenas três apoios cada e a 20m uma da outra. Entre elas sucedem-se salões com a largura constante de 20 m e diversos comprimentos distribuídos em três níveis principais. Abertos, esses salões comunicam-se visualmente entre si e com a Praça, através de caixilhos inclinados, que permitem a entrada de luz indireta refletida do piso e nunca insolação direta. Esses salões serão primordialmente destinados a exposições. O restante do Programa concentra-se em uma torre anexa, que vai ao chão, com 22m x 22m em planta e 23m de altura, conectada ao corpo principal através de pequenas pontes.

 

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O Teatro conta com duas galerias laterais com dez metros de largura, por toda a extensão do edifício com 69m de comprimento, que abrigam a totalidade das circulações tanto de público como de artistas e técnicos, camarins, salas de técnicos, equipamentos. Entre as duas galerias estão a Platéia e Balcões e o Palco e Coxias.

Assim como o Museu, o Teatro é também elevado do piso: apenas as áreas técnicas sob o palco e o restaurante tocam o solo. Este se abre a um passeio junto ao mar, coberto pelo próprio edifício do teatro, cujos pilares extremos estão dentro d’água, a cinco metros da frente regularizada do território. Esta opção técnica se justifica pela similaridade das características do solo no aterro hidráulico recente e do leito do canal.

 

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Data do projeto: 2007-2008
Projeto de arquitetura: Paulo Mendes da Rocha [autor]; Anna Ferrari, Gustavo Cedroni e Martin Corullon [coautores]; Miki Itabashi, Marcia Terazaki, Flavio Rogozinski, Paloma Delgado, Paula Mendonça, Carolina Leonelli, Fernanda Vida, Larissa Guelman [colaboradores]
Área do terreno: 20 050 m²
Área construída: 30 000 m²
Estrutura: Kurkdjian & Fruchtengarten Engenheiros Associados – Eng. Jorge Zaven Kurkdjian
Instalações elétricas, hidráulicas e complementares: ETIP Projetos de Engenharia – Eng. Airton Vianna
Consultoria hidráulica e drenagem: Eng. Julio Cerqueira César
Projeto de automação e segurança: HOS Projetos
Climatização: Thermoplan Engenharia Térmica – Eng. Eizo Kosai
Acústica e cenotécnica: Acústica & Sonica Consultores – Arq. Jose Augusto Nepomuceno
Luminotécnica: Ricardo Heder
Projetos de pisos especiais: LPE Engenharia e Consultoria – Eng. Silvia Maria Botacini
Projetos de impermeabilização: Proassp Assessoria e Projetos
Crédito das imagens da construção: Leonardo Finotti
Vídeo por Pedro Kok